quinta-feira, 28 de maio de 2009

DOMINGO DE PENTECOSTES... EVANGELHO E REFLEXAO

JESUS APARECE AOS DISCÍPULOS (João 20,19-23)

OS LUGARES PARALELOS: Temos, além do relato de João, outros dois paralelos, muito mais breves, que correspondem a um resumo auricular e não a um testemunho ocular: Marcos 16, 14-18 e Lucas 24, 36-49. Contrastaremos todos eles para determinar o grau de historicidade e o valor teológico das afirmações como catequistas bíblicos.

TEMPO: João é o mais detalhado neste respeito: estando, pois, aquele dia perto do fim [opsies], o primeiro da semana. Comparado com o relato de Lucas, anterior ao narrado por João, que não narra sobre a aparição aos dois de Emaús, parece que temos uma pequena contradição de tempo. Os dois pedem a Jesus que fique, pois está na tarde e o dia já há declinado [temos traduzido literalmente]. Como pode dizer João que depois de uma caminhada de sessenta estádios, aproximadamente 9 mil metros, ou duas horas de caminho ainda era a tarde do dia? Vamos explicar esta aparente contradição. A tarde começava às quinze horas. Era este também o tempo em que se iniciavam as jantas. O dia, na primavera palestina, termina entre 17:30 e 18 horas. Caso estejamos, segundo Lucas, no início das 16 horas teremos mais duas horas de volta e os dois discípulos estariam com os doze às 18 horas, precisamente o fim do dia como afirma João.

OS DISCÍPULOS: Além dos doze [melhor onze, porque Judas estava morto] estavam os dois de Emaús e provavelmente mais, dentre os que logo nos Atos se dirão: eram cento e vinte. Dentre os onze, faltava Tomé o chamado Dídimo. Tanto Tomé como Dídimo significam o mesmo: gêmeo. Como diz Lucas, estavam reunidos os onze (!) e seus companheiros comentando uma aparição a Pedro [Simão] (Lc 24, 33-34) que João não narra porque ele não foi testemunha do fato. Temos uma falha de informação em Lucas porque, não sendo ele testemunha, narra na totalidade, os onze, quando na verdade faltava um: Tomás. Também vemos como em Marcos existe uma narração formal e genérica, quando resume todas as aparições afirmando que apareceu, finalmente, aos onze quando estavam à mesa e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não haviam dado crédito aos que o tinham visto ressuscitado (34, 14). Vemos que esta última afirmação é só em parte verdadeira como constatamos em Lucas 24, 34. Esta falta de detalhes indica claramente que eles tratam o assunto na sua generalidade, como um fato que transcende a história e forma parte da tradição. O modo de tratar o assunto em João não é assim, onde hora, lugar e circunstâncias permitem conhecer o que uma testemunha viu e ouviu. Por isso temos dois detalhes importantes: o medo aos judeus [propriamente jerosolimitanos] e as portas fechadas, ou melhor trancadas.

JESUS VEIO: É desta forma como aparece para estar na frente de todos a figura do ressuscitado. Nada de ruídos, de resplendor, de experiências impactantes. Como entra a luz quando uma janela é aberta, assim o corpo de Jesus entrou e se colocou no meio deles (19).

A PAZ: A figura na frente deles não é uma estátua; fala e comerá logo, para demonstrar que não é um espírito, uma fantasia, um fantasma. Mas vamos agora estudar suas palavras. A primeira palavra de Jesus é uma saudação que podemos dizer entra dentro do costume ambiental: PAZ. A palavra hebraica Shalom da qual a grega Eirene e a latina Pax são tradução, significa evidentemente ausência de guerra e vida tranqüila (Lc 14, 32), mas também significa bênção, glória, riqueza, descanso, bem-estar, saúde física, esperança de êxito, justiça, salvação: ou seja tudo que acostumamos chamar de estado feliz. Especialmente, paz e justiça aparecem unidas (Mt 5, 9-10). A paz é dom precioso de Deus (1 Cor 1, 3). Daí que o futuro Messias, Jesus, em definitivo, seja, antes de tudo, um porta-voz da paz e inclusive se identifique com ela (Rm 5, 1). É o Messias que a comunica por meio do Espírito como antecipação da paz definitiva (Rm 14, 7). Se a primeira vez a palavra pode ter o significado de uma saudação (19) quando é repetida, pela segunda vez, tem um significado profundamente teológico: ela é a base do Espírito que transforma os discípulos em enviados do Pai, recebendo o principal carisma da nova era: o espírito de reconciliação que basicamente é perdão. Algo novo está ocorrendo; e esse algo novo é um bem divino: essa profunda e definitiva paz, que Deus está disposto a partilhar, como doador, com simples seres humanos.

AS CHAGAS: Jesus mostrou suas chagas: mãos e pés, segundo Lucas (24, 39) e mãos e lado, segundo João (20, 21). Lucas declara o propósito dessa prova como demonstração de que ele era o mesmo Jesus crucificado que tinha sido depositado no sepulcro e não um fantasma. Nem a afirmação de Lucas nega a de João nem esta poderá ser tomada como contraditória à de Lucas. Máxime que João distingue duas aparições: uma só para Tomé, em que pede que este introduza a mão no lado, daí que o lado era mais importante para João do que as chagas do pé. Lucas só traz uma aparição, porque para ele o importante era que Jesus tinha sido visto pelos onze. Isso explica as diferenças entre os dois. Nem todos os detalhes são importantes mas só aqueles que, do ponto de vista do autor, contribuem para demonstrar ou confirmar seu propósito. Desde este momento, Jesus será o crucificado, ou seja, aquele que em seu corpo apresenta umas feridas que inicialmente foram vergonha e humilhação; mas que, desde agora, seriam glória e exaltação. O Jesus-homem, filho de Maria [filho do homem] agora se apresenta como o Cristo Senhor verdadeiro filho de Deus [Cristo Deus].

O PERDÃO DOS PECADOS: A nova missão dada por Jesus aos discípulos está intimamente unida ao perdão dos pecados. Por isso Jesus repete de novo Shalom lekem [Eirene ymin grego, ou Pax vobis latino]. Mas esta paz não é uma saudação mas uma doação, um presente divino que é um perdão pela conduta imprópria dos discípulos durante os dias da paixão e morte de Jesus. Jesus esquece e perdoa. Sua paz, que é felicidade e alegria por sua presença viva no meio deles, quer ser uma reconciliação sem recriminações nem censuras. O perdão é total. O desejo de Jesus vai além do simples perdão. Jesus pretende dar aos discípulos um novo ministério: uma função divina como dom totalmente extraordinário que requeria um ato solene, visível e simbólico; ou seja, uma ação sacramental em que o homem é instrumento visível da ação interior divina. A missão atual é totalmente diferente da dada aos doze (Mt 10, 1 +) e aos discípulos (Lc 10, 1+) que unicamente consiste em anunciar a Boa Nova e testemunhá-la com poder de curar e autoridade sobre os demônios. É uma missão nova que participa da missão fundamental do próprio Jesus, que vamos estudar na continuação. Jesus não só envia os discípulos mas também o Paráclito (Jo 16, 7). E a missão dos discípulos está na mesma ordem da missão do Paráclito. É, pois, uma missão muito importante.

MISSÃO DE JESUS: Como o Pai me enviou, dirá Jesus. Com estas palavras Jesus afirma o sentido de sua vida: Ele é um enviado do Pai, um mensageiro que tem como finalidade o que a continuação descreve como doação a seus discípulos: o perdão. Que Jesus era enviado do Pai temos clara confirmação em Jo 5, 30 e 36. Mas qual foi a missão fundamental de Jesus? O anjo anuncia um Salvador que será Cristo Senhor (Lc 2, 11). No nome da pessoa estava escrita a missão de sua vida. Por-lhe-ás o nome de Jesus pois ele salvará seu povo de seus pecados (Mt 1, 21). E o Batista descreve o futuro Messias declarando-o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29). A missão de Jesus se cumpre no momento de sua morte quando pode exclamar: está consumado (Jo 19, 30). Pouco antes, ao ser elevado na cruz, reclama do Pai o perdão; e o mais admirável é que esse perdão não é para os amigos mas para os inimigos: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23, 34). Foi para essa hora [de paixão] que ele veio (Jo 12, 27). O perdão é uma amostra de que Deus é Pai e de que a justiça de Deus é clemência para quem recebe o evangelho como a Boa Nova da graça: O ano de graça do Senhor (Lc 4, 19 e Is 61, 2). Na última ceia declara o mistério encerrado na cruz como o sangue a ser derramado em prol da multidão para o perdão dos pecados (Mt 26, 28) e João na sua primeira carta resumirá esta missão afirmando: o sangue de seu Filho nos limpa de todo pecado (1 Jo 1, 7).

MISSÃO DOS DISCÍPULOS: 1) Jesus a identifica com a sua: como o Pai me enviou assim eu vos envio (21). Um favor deve ser tomado em sentido o mais amplo possível, sem restrição, como dizem os letrados em Direito. Perdoar não é só usar palavras mas contribuir com ações, unindo-se à sua paixão para que os novos sofrimentos atuem como causa segunda do perdão, o qual Paulo já expressava numa frase de difícil interpretação: Em minha carne estou completando o que falta às tribulações de Cristo em favor de seu corpo que é a Igreja (Cl 1, 24). E como tal corpo de Cristo, também ele (sendo parte da Igreja) sofre e adquire méritos para a conversão dos pecadores, como muitos santos sofreram e S. Agostinho confirma em seus escritos. A Deus só podemos dar o nosso sofrimento de quem entrega sua vida, perdendo-a como prova do amor (Rm 5, 8). E nisso consiste precisamente o sacrifício (Ef 5, 2). 2) Jesus realiza uma ação que relembra pelo verbo usado a mesma de Gênesis 2, 7, segundo a setenta, quando Deus soprou sobre o barro para dar vida ao corpo inerte. Logo teremos uma vida nova dada aos discípulos. Até agora Jesus nunca fez gesto semelhante que implicava modo diferente de ser discípulo. 3) As palavras que explicam a ação de Jesus formam um só conjunto com a missão e o sopro, que tem como significado o perdão dos pecados. Aqui não encontramos menção do Evangelho, não aparece o Reino, não deixa os efeitos salutares aos ouvintes da palavra, mas os efeitos são dirigidos aos presentes, todos eles alegres e com viva fé no Senhor: Se perdoais serão os pecados [dos outros] perdoados, se não os perdoais [os retiverdes forçosamente, segundo o grego] não estarão perdoados. Os hemistíquios finais de cada frase estão na voz passiva o que significa uma ação direita de Deus. Poderíamos traduzir livre, mas literalmente a nova missão apostólica desta forma: Deus perdoará a quem perdoardes; e Deus não perdoará a quem não perdoardes. O melhor comentário é o do Beato Isaac della Stella: A Igreja nada pode perdoar sem Cristo e Cristo nada quer perdoar sem a Igreja. A Igreja não pode perdoar senão a quem é penitente, isto é, a quem Cristo tocou com sua graça; e Cristo nada quer considerar como perdoado a quem despreza a sua Igreja. 4) Por isso a condição indispensável do penitente é seu amor por Cristo, segundo as palavras do próprio Jesus: Eu vim chamar os pecadores ao arrependimento (Lc 5, 32) e seus muitos pecados lhe são perdoados porque amou muito; mas aquele a quem pouco se perdoa ama pouco (Lc 7, 47); ou em termos mais ocidentais: A quem pouco ama, pouco se perdoa.

terça-feira, 26 de maio de 2009

SAO FILIPE NERI

São Felipe Neri, missionário e fundador da Congregação do Oratório e chamado apóstolo de Roma, estudou sob influencia dos Dominicanos em São Marcos a aprendeu oficio com o seu tio. Ele abandonou os negócios em 1533, indo para Roma e se devotando ao serviço do Senhor. Em 1533 estudou teologia e filosofia. Após três anos passou a organizar uma ordem de Irmãos Leigos para orarem juntos, cuidar dos doentes e peregrinos que vinham para Roma. Durante este período ele passou muitas noites em oração nas catacumbas de São Sebastião na Via Apia e em uma noite, em 1544, ele experimentou um êxtase que dilatou seu coração comprovado, em autópsia, após sua morte. Devotando ao seu apostolado ele logo fundou sua comunidade, a "Confraria da Mais Santa Trindade" bem conhecida na cidade de Roma e ficou muito conhecido pela sua bondade e simpatia. Foi ordenado em 1551 e entrou para a comunidade de São Girolamo e tornou-se um renomado confessor ,e diziam que podia ler a mente daqueles que o visitavam conseguindo assim fazer as mais completas, corretas e fervorosas confissões.Conduziu vários grupos de discussões para jovens religiosos, padres e leigos fazendo o alicerce do que se tornou mais tarde a "Congregação do Oratório". O nome parece ser derivado da sala do Oratório de São Girolamo, onde os encontros religiosos eram conduzidos. A aprovação para a Congregação foi dada em 1575 pelo Papa Gregório XIII e as regras de sua Constituição foi aprovada pelo Papa Paulo V em 1612.A Congregação do Oratório se espalhou por toda a Europa e América do Sul.O Papa Gregório XIV tentou fazer dele um cardeal mas Filipe recusou .A sua popularidade era tanta eu foi acusado de tentar formar a sua própria seita, acusação que foi logo abandonada por falta de base.
Nos seus últimos anos ele teve varias doenças graves, que curava apenas com suas preces. Diz a tradição que curou vários doentes apenas com a oração e sua benção. Respeitado e amado em Roma e foi um conselheiro de papas, reis, bispos, cardeais e igualmente confessor e conselheiro de leigos e do povo mais simples de Roma . Os seus esforços em chegar ao povo comum deu a ele o titulo de "Apóstolo de Roma". Sua imagem está entalhada em um santuário na Casa Matriz da Igreja de Santa Maria, em Varicela . A mais famosa pintura dele foi feita por Guido Reni, que serviu de base para as subsequentes apresentações de suas fotopinturas.
Veio a falecer em 27 de maio de 1595 aos 80 anos, de causa naturais. Foi beatificado em 1615 pelo Papa Paulo V, e canonizado em 1622 pelo Papa Gregório XV .Seu símbolo na liturgia da Igreja é um lírio e um anjo com um livro.
Sua festa é celebrada o dia 26 de maio.